quarta-feira, 6 de agosto de 2008

TRAUMATISMO CRANIANO - 01

DEFINIÇÕES:

  • Concussão - Consciência alterada como resultado de traumatismo craniano fechado.
  • Contusão(cerebral) - TC : baixa ou alta densidade ( também conhecida como "contusões hemorrágicas", em geral com menos efeito de massa que seu tamanho aparente). Mais comum em áreas onde a desaceleração súbita da cabeça faz o cérebro se impactar nas proeminências ósseas ( pólos temporal, frontal e occipital) . A descompressão cirúrgica algumas vezes pode ser considerada , se há risco de herniação
  • Lesão por contragolpe - além da lesão potencial ao cérebro diretamente sob o ponto de impacto, a força desferida à cabeça pode fazer o cérebro bater contra o crânio no lado diretamente oposto ao golpe. Pode resultar em contusões tipicamente nas localizações descritas acima.
  • Lesão axonal difusa (LAD ou laceração axonal difusa) - Uma lesão primária por aceleração/desaceleração rotacional da cabeça. Em sua forma grave, ocorrem focos hemorrágicos no corpo caloso e tronco cerebral rostral dorsolateral, com evidência microscópica de lesão difusa aos axônios (bolas de retração axonal, estrelas microgliais e degeneração dos feixes de fibras da substância branca). Freqüentemente citada com causa de perda da consciência em pacientes que ficaram comatosos imediatamente após o traumatismo de crânio, na ausência de uma lesão expansiva na TC ( embora a LAD também possa estar presente no hematoma subdural ou epidural).

CONCUSSÃO: Também conhecida como traumatismo craniano leve(TCL).

Definição: Uma alteração da consciência como resultado de trauma não penetrante ao cérebro.

Alguns especificam um elemento temporal para a alteração, dizendo que esta deve ser breve; porém, não há consenso sobre a duração de tempo considerada "breve". Em geral, não há anormalidades parenquimatosas macro ou micrscópicas. Não há anormalidades ou há lesões mínimas na TC ou RM. Os especialistas geralmente concordam que a perda de consciência não é necessária. As alterações na consciência podem incluir confusão, amnésia (as características típicas da concussão) ou perda da consciência (PC). As características neurocomportamentais freqüentemente observadas na concussão são apresentadas na tabela abaixo:

Achados comumente observados na concussão:


  • Olhar vago ou expressão confusa;
  • Respostas verbais e motoras retardadas: lentidão em responder questões ou seguir instruções;
  • Distração fácil, dificuldade de focalizar a atenção, incapacidade de realizar atividades normais;
  • Desorientação: caminhar na direção errada, não saber a data, tempo ou lugar;
  • Alterações da fala: arrastada ou incoerente, frases desconexas ou incompreensíveis;
  • Descoordenação : tropeços, incapacidade de caminhar em fila atrás de alguém;
  • Emoções exageradas: choro inapropriado, aspecto perturbado;
  • Déficits de memória: pergunta repetidamente a mesma questão que foi respondida, não pode dar nome a 3 em 3 objetos após 5 minutos;
  • Qualquer período de PC: coma paralítico, irresponsividade aos estímulos.
A confusão pode ocorrer imediatamente após o golpe ou pode levar vários minutos para se desenvolver. Quando há PC, o fato de que freqüentemente esta seja virtualmente instantânea (pode haver uma latência de alguns segundos) que o retorno, da função, sem evidência de alterações microscópicas seja em geral rápido sugerem que a PC seja provocada por um distúrbio transitório na função neuronal. Os níveis de glutamato (um neurotransmissor excitatório) se elevam após a concussão, e o cérebro entra num estado hiperglicolítico e hipermetabólico que algumas vezes pode ser demonstrado até 7-10 dias após a lesão. Também é durante este período que o cérebro pode ser mais suscetível que o normal a um segundo dano ( a assim chamada síndrome do segundo impacto) o qual, em parte devido à disfunção da auto-regulação cerebral, pode produzir seqüelas muito mais graves (incluindo um possível edema cerebral maligno) do que produziria isoladamente.




SÍNDROME DO SEGUNDO IMPACTO (SSI):


Uma condição clínica rara que foi descrita inicialmente em atlestas que sofrem uma segunda lesão na cabeça, aparentemente enquanto ainda sintomáticos de uma lesão prévia, e nos quais ocorre edema cerebral maligno subseqüente, refratário a essencialmente dos esforços de tratamento e com uma taxa de mortalidade de 50-100%. Classicamente, o atleta saí do campo por suas próprias forças após a segunda lesão, apenas para se deteriorar até o coma dentro de 1-5 minutos e então, devido à ingurgitação vascular, progride para herniação.

A existência de uma síndrome compatível com a SSI foi descrita pela primeira vez por Schneider em 1973, e foi denominada posteriormente "síndrome do segundo impacto de traumatismo craniano catastrófico" em 1984. Mesmo que tenha sifo alegado que a SSI é rara (se é que existe) e pode ser diagnosticada em excesso, sua predileção por adolescentes e crianças ainda requer precauções extra após uma concussão.


GRADUAÇÃO DAS LESÕES CRANIANAS:

Apesar de muitas críticas, o escore inicial da escala de comas de glasgow pós-ressuscitação (ECG) ainda é a escala mais usada e talvez melhor replicada na avaliação do traumatismo craniano.